Não é novidade para ninguém o fim da obrigatoriedade dos diplomas para o exercício da profissão de jornalista. Eu, quando finalmente me decidi definitivamente pelo curso, escutava diariamente “ Porque você não faz outra coisa, já que para ser jornalista não precisa ser formado? Além disso o piso salarial é tão baixo...”. A minha escolha, entretanto, foi tomada de acordo com valores que pessoas que visam somente o sucesso financeiro, em detrimento de satisfação pessoal não entenderiam. Enfim, estudei que nem uma condenada e passei em uma universidade federal.
Não costumo reclamar de muita coisa, alias nem deveria, quantas pessoas gostariam de ter acesso ao ensino de qualidade que a UFMA oferece mas não tem como! Acontece que não vou ser hipócrita de dizer que lá é tudo maravilhoso, quando a verdade está bem longe disso.O destino quis que o prédio de Ciências Sociais fosse o mais precário de toda a UFMA. Agüento falta de luz nas salas, agüento falta de professor, agüento todos os ventiladores quebrados, agüentei barata, agüentei ATÉ MESMO UM MORCEGO voando por cima da minha cabeça na sala, fora as 6 aulas que eu tenho diariamente das 2 às 7, e sabe Deus mais o que eu vou ter que agüentar ao longo desses 4 anos, pra que? Pra ser equiparada com qualquer um que se diz jornalista?
É claro que o talento para escrita, assim como as demais habilidades exigidas pela profissão, são inatas, mas o curso está aí pra aperfeiçoar essas qualidades, agregar conteúdo, e melhorar ainda mais a capacidade argumentativa, mais uma razão pela qual não é correto que se englobe na classe dos jornalistas os que puramente possuem o talento bruto, sem o polimento que o curso se dispõe a dar. Já me disseram uma vez “ Mas Anna, a profissão de jornalista não oferece perigo de dano à coletividade, o que torna desnecessário o diploma”. Fiquei com vontade de berrar “ Você é ingênuo ou só ignorante mesmo??”, mas como boa lady que sou, calei minha boca e cá estou externando a minha indignação. E todos os casos de mau exercício da profissão? E o caso da escola Base de São Paulo, onde os donos da instituição tiveram suas vidas arruinadas depois de falsas acusações de pedofilia, por causa da incompetência de um jornalista qualquer que não se deu o trabalho de checar os fatos antes de publicar a notícia? E a imprensa marrom, que responde a milhares de processos por causa de calúnias e difamações? Se isso não é dano à coletividade, desconheço o significado da expressão.

Convenhamos, compromisso e responsabilidade não é algo que se aprenda em faculdade, a questão aqui não é essa, é uma possível desvalorização de jornalistas graduados. Se bem que agora, em nossa sociedade, cobrir escândalos de celebridade em revista de fofoca virou jornalismo e pra isso, eu realmente não vejo necessidade de diploma. Não estou dizendo que todo jornalista por formação é incrível até porque existem muitas faculdades que não vendem qualidade de ensino e sim um simples pedaço de papel, mas com toda uma preparação que envolve noções de ética dignidade e tudo mais que fazem parte do curso ainda existem esses casos, imagine se não tivesse!