quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A beleza de tudo isso


Hoje, depois de tanto tempo, resolvi escrever. Alias, resolvi postar, porque para de escrever, efetivamente, só quando eu morrer. Eu escrevo pra analisar cada linha dos meus textos e tentar me entender, eu escrevo pra dar vazão ao que me fere, ao que me faz feliz, ao que me entristece, ao que me assusta. Eu escrevo pra não guardar, pra não implodir. Mas, Mais que tudo isso, além de tudo isso ou como extensão de tudo isso, eu escrevo por amor. E hoje, por amor a duas pessoas muito queridas (oi Vitor, oi Débora) que me disseram sentir falta dos meus devaneios, eu estou aqui, as 00:42 de uma quinta, escrevendo.
Acho lindo ser artista. Artista é visceral, profundo, filósofo. Eles têm um quê de redentor, de mártir. Sofrer é muito válido sendo artista. Quem não sabe fazer poesia, quem não sabe compor, quem não sabe filosofar e ainda assim sofre, é só comum. Quem chora de saudade, quem fica sentimental sem motivo, quem repassa cenas do passado mentalmente são só reles mortais. Artistas fazem disso uma obra. Pessoas comuns fazem disso um motivo pra “festar”, pra chorar, pra escrever um borrão qualquer. Artistas tem ares de herói. Pessoas comuns se envergonham da sua fragilidade. Pessoas comuns se compadecem diante de seu próprio sofrimento. Eu sou uma pessoa comum que já desejou desesperadamente ser artista pra sofrer e produzi. Mas eu não sou, então eu só sofro. E antes que alguém me pergunte, não, eu não estou sofrendo, mas eu vou sofrer amanhã ou depois. Vou sofrer de tristeza, quando me apaixonar perdidamente e não for correspondida,. Vou sofrer de medo quando me apaixonar perdidamente e for correspondida. Vou sofrer de insegurança quando me apaixonar e ponto. Vou sofrer quando perder alguém querido. Vou sofrer quando me sentir impotente. Vou sofrer quando não me sentir capaz. Vou sofrer e não tenho o menor medo disso, tenho medo é de não sofrer, porque aí eu não vivi. E só agora, feliz, é que eu enxergo a beleza em tudo isso. A gente passa a vida se perdendo atrás do que é bonito. Um sentimento, uma pessoa, um momento. E quanto mais a gente se perde mais a gente sofre. E quanto mais a gente sofre mais a gente se perde. Até que em meio ao sofrimento a gente se encontra. Até que se acha outra coisa bonita pra se perder atrás, aí começa de novo. Se perder, sofrer, se encontrar, se perder de novo. Tantas pessoas levam vidas sem sentidos, andando de um lado para o outro atrás de coisas que julgam importantes, e ainda quando muito ocupadas parecem vazias. Isso acontece porque elas estão se perdendo atrás do que é errado. Só se dá sentido a vida se dedicando a pessoa do seu lado, a comunidade em que se vive. Só se é feliz se perdendo atrás do que tem alcance e sentido. É por isso que eu escrevo, pra me perder atrás do que é bonito. Mas espera, eu não sou artista, eu sou só comum, logo isso aqui não é uma obra. Isso aqui é só eu me perdendo, sofrendo, me perdendo de novo, até me encontrar.

P.S: Obrigada a Vitor e Débora.